Design como Acolhimento:


Este artigo analisa a identidade visual da 19ª Semana Acadêmica de Psicologia da SETREM, cujo tema era 'Psicologia em contextos de impacto: Vidas entre ruas, cárceres e desastres'. O desafio central era comunicar um tema psicologicamente complexo sem alienar o público.
A solução foi fundamentada na tese 'Acolhimento vs. Fragmentação', uma abordagem de design que, ao invés de focar apenas na estética, olhou para a necessidade humana de segurança ao processar informações difíceis.
Com base nos conceitos de 'Ambiente Facilitador' de Winnicott, nas leis da Psicologia da Gestalt e na Teoria da Carga Cognitiva, demonstramos como o design pode criar um 'espaço seguro' que é psicologicamente acolhedor e cognitivamente eficiente, validando a mensagem de que para resolver problemas de humanos, é preciso primeiro olhar para eles.
Um Estudo de Caso Sobre Como "Olhar para o Humano" Resolveu um Desafio de Comunicação Sensível
O Desafio:
A Ansiedade Diante do Caos
O ponto de partida do projeto era uma questão delicada: como convidar uma comunidade acadêmica para debater 'territórios feridos' de forma que o convite gerasse atração em vez de aversão? Um tema tão denso carregava o risco de gerar uma comunicação visual sombria ou chocante, o que poderia sobrecarregar emocionalmente o público e desestimular a participação.
Minha maior preocupação foi buscar uma forma de comunicar esses 'territórios feridos' sem cair em estigmas, tabus, violência ou em um olhar pessimista, mas sim trazendo acolhimento e esperança.
— Prof. Luthiane
A Solução: A Tese do "Acolhimento vs. Fragmentação"








A solução não veio de uma escolha de cores ou fontes, mas de um insight sobre a dinâmica humana: para processar o caos, precisamos de um porto seguro. A tese central foi criar uma tensão visual deliberada entre a Fragmentação dos temas e o Acolhimento da estrutura. A identidade visual não apenas falava sobre o tema; ela simulava o próprio processo de cuidado psicológico: reconhecia a desordem, mas oferecia um espaço seguro para processá-la.




A Fundamentação:
Por Que o "Acolhimento Visual" Funciona?
O "Ambiente Facilitador" de Winnicott: O conceito de holding descreve como a mãe (o ambiente) oferece uma sustentação que protege o bebê de intrusões e o permite existir com segurança. O design aplicou este princípio: o bloco de cor sólida funcionou como um "holding visual", um ambiente facilitador que tornou o conteúdo fragmentado e ansiogênico suportável e seguro para o espectador.
A Organização Perceptiva da Gestalt: Os princípios da Gestalt explicam a mecânica por trás deste efeito. A lei da Unificação fez com que o bloco de cor fosse percebido como um todo coeso e estável. Em contraste, a técnica da Fragmentação foi usada para representar o caos temático. Guiada pela lei da Pregnância da Forma, a percepção do espectador naturalmente buscou refúgio na estrutura mais simples e organizada, encontrando a calma no meio da tensão.
A Eficiência da Teoria da Carga Cognitiva: O tema do evento possuía uma altíssima Carga Cognitiva Intrínseca (dificuldade inerente). O design, ao organizar a informação de forma limpa e ordenada, minimizou a Carga Cognitiva Estranha (esforço desnecessário para decodificar a mensagem). Isso liberou a capacidade mental do público para se dedicar ao que realmente importava: a Carga Cognitiva Relevante, ou seja, a absorção e reflexão sobre o conteúdo do evento.
O Resultado: Engajamento Através da Confiança

